segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Estou imóvel. Aqui parado.

Estou imóvel. Aqui parado.
Arrasto as palavras dentro de mim.
Lento… Neurónio não, neurónio sim.
A tua realidade não é a minha,
Falas comigo à tardinha…
Não sei o que te responder,
O que será que estás a dizer ?

Um sorriso rasgado.
Dás-me um carinho abençoado,
Derreto-me com ele… de bom grado.
Gostava de te poder sorrir…
A minha face parece não fletir,
Da minha boca solta-se um gemer,
Uma lágrima escorre sem querer.

Abraças-me. Estou deitado.
Amanhã virás novamente,
Com o teu ar bondoso e paciente,
E mesmo que eu não diga nada,
Tu sabes que muito me agrada,
Aqui, qual inconsciente, a divagar,
Receber o amor do teu olhar.

Quem és, já pouco importa,
Estarás amanhã à minha porta.
Obrigado.

2012 Vasco de Sousa

domingo, 29 de janeiro de 2012

Epopeia

Nasce a epopeia do Ser
A típica narração dos feitos
Moinhos e ventos contrafeitos
Minutas dos contos a desenvolver

Romantismo ou solo a dois
Novelas de horas soltas
Entreabrir leve de portas
Novas promessas nascem depois

Continuo acreditando na arte
Suplantando efémeras escaramuças
Parodiando mecânica e lazer

Despeço a saudade que parte
Não visto negro ou carapuças
Nasce uma nova epopeia - O Meu Ser!

2012 Olinda Ribeiro

domingo, 22 de janeiro de 2012

Avançar não é esquecer ou banir

Fundamental a flexibilidade
Instala-se e a nostalgia pacifica
Num ápice tudo se clarifica
Fundo ilusão e veracidade

Avançar não é esquecer ou banir
Tenho carinho pelas minhas vivências
Debalde as consequências
Refreio o impulso de não reflectir

Veredas e memórias clássicas
São labirintos muito apetecíveis
Épocas épicas e outras mudanças

Têm faunas e fórmulas básicas
Vestem-se de causas infalíveis
Mas pereno nas minhas esperanças.

2012 Olinda Ribeiro

E sei que amo com mais ardor

Encontrei o modo perfeito
De me entender sem constrangimento
Apelo ou simples entendimento
Tudo o que me desafina… rejeito!
E sei que conspiro a meu favor
Até os afectos são mais fogosos
E as mãos têm outro acarinhar
E as mãos sabem como acarinhar
Até os afectos são mais gozosos
E eis que conspiro a meu favor.
Dou livre arbítrio ao meu coração
Caminho comigo de mãos dadas
Juntas amamos noites e alvoradas
Mas não perco o fio nem a motivação!
E sei que conspiro a meu favor
Até os afectos são mais fogosos
E as mãos têm outro entrelaçar
E as mãos suavizam o entrelaçar
Até os afectos são mais gozosos
E eis que conspiro a meu favor
E sei que amo com mais ardor!

2012 Olinda Ribeiro

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Graciosa loucura que me dá vida

Podem pensar o contrário….
Mas, loucura não é doença!
É uma espécie de ilusão
Uma aparência… de perder a razão
Ou outra coisa qualquer….
Em mim, e a meus olhos…
É um atestado da minha autenticidade.
Há quem ache que é excentricísismo…
Eu só sei que sou Genuína…
Para quê esconder-me por trás de coisíssima alguma…?
Basta-me estar bem comigo mesma!
Sou Diferente? Somos todos diferentes!
Eu só me aceito incondicionalmente.
Acarinho-me e vejo a original oportunidade,
De me entregar ao meu percurso, deixando de lado,
Os formatos espíneos que me afastam da minha razão de ser.
Agora, é muito difícil trilhar o meu mapa interior…
Mas sei que é possível!... Melhor é imprescindível!
Lágrimas, mágoas, tentativas de desistência?
Absolutamente normal que me questione.
Naturalmente, interrogo-me,… analiso-me,… peço ajuda… Ajudo-me!
Sigo em frente! Estou a caminho…
Acuso-me… talvez por ser mulher…
Fico cheia de água na boca…
Adoro este Ser irremediavelmente louca…
(Não por amar… isso… é a meu sentir, coisa pouca)
Mas sim por não querer…
Dar ouvidos à postura
Que me arrasa e tortura…
É que tenho grande aflição,
Quando tento dar expressão
Ao “ ser “ muito compostinha,
Não tenho jeito … Nem é coisa minha!
Talvez por saber bem o que não quero,
Recuso dar-me ao desespero
De ser aquilo que não sou,
Raramente sei por onde ando ou vou…
Mas é isso que me diferencia,
Por viver no dia-a-dia
A minha íntegra constância
Não gosto da inconsonância
Nem de barulhos mentais!
Gosto sim de ser livre e harmoniosa
Ter melhor perfume que a rosa
Ser mais pura que os cristais
Mais alta que os pináculos das catedrais,
Ser e ter muito riso e pouco siso
Que a alegria é meu sustento.
Viajo nas asas do vento,
E tenho esta “ vida “ Visceral
De viver a meu contento!
Eis a razão de ser alma que perdura,
E ter na certeza da minha loucura,
A insana sustentabilidade.
Pois que na minha realidade,
A vida não é “ coisa ou causa “ apensa,
É sim razão e integridade!
Posta esta exposição,
Chamem vida à ilusão…
Mas afirmo: Loucura… Não É Doença!

2012 Olinda Ribeiro
As patologias mentais têm défices que merecem de todos nós mais respeito.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Estou à espera

Letárgico ao Sol, recebo o seu calor,
Como se dependesse da sua energia.
Do inverno, vou espantando o seu rigor,
Aqueço a alma. Dai-me mais alegria !

Esqueço por momentos toda a frustração,
Deste quotidiano dececionante.
O futuro hipotecou-se sem razão,
Intromete-se na paz da minha mente.

Este bem-estar é apenas presentâneo,
Depois do Sol, o frio que me depaupere,
Não pense ele que irei esmorecer.

Vou armazenando o calor instantâneo,
Na esperança que ele me revigore,
Pois tais desalentos, pretendo eu vencer.

2012 Vasco de Sousa